As Olimpíadas de Paris, que terão início na próxima sexta-feira (26), serão um cenário não apenas de disputas pelas medalhas. Estará em jogo também a assertividade das estratégias de marketing das marcas que estão patrocinando o evento, as equipes e as transmissões. Segundo um estudo realizado pela agência Macfor, a tendência que se verifica nos Jogos de 2024 é que as marcas de produtos de consumo rápido concentram mais investimentos em mídia tradicional, enquanto o on-line leva a maior parte da publicidade de marcas mais nichadas ou focadas no público mais jovem. A disputa pelo consumidor será, portanto, bastante acirrada.
Conforme aponta o estudo intitulado “Marketing das Olímpiadas mais midiáticas da história”, um dos principais motivos para que profissionais da área acompanhem atentamente as experiências que serão testadas no evento é o volume recorde de verbas publicitárias. Serão os Jogos Olímpicos com o maior número de patrocinadores e também o maior na diversidade de canais de transmissão, com elevada importância do streaming. O fato de acontecer logo depois de duas grandes competições esportivas, como a Eurocopa e Copa América, também cria uma “perfect storm” para a experimentação na comunicação das marcas.
A Macfor, por meio da coleta de dados públicos das principais plataformas de busca e redes sociais (Google, Bing, TikTok, Facebook, Instagram e LinkedIn) e um aprofundado processo de social listening, vem monitorando o comportamento dos consumidores com relação aos Jogos Olímpicos pelo menos desde o fim do ano passado. Foi nesse período que o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) anunciou seus patrocinadores oficiais. Em seguida, já se verificou um aumento no número de buscas pelos seus nomes.
Foram empresas que investiram alto em campanhas on-line, com o propósito de atingir públicos específicos, mas com o apelo emocional do esporte. Um exemplo foi a Riachuelo, que desenvolveu uma estratégia englobando diversas plataformas digitais. Em seu canal do YouTube, exibe filmes sobre a produção dos uniformes e nas redes sociais mantém anúncios pagos com foco também na roupa dos atletas a fim de gerar engajamento.
Segundo o monitoramento da Macfor, a Riachuelo obteve 90% de comentários positivos. Mas outras marcas de moda patrocinadoras, como Mormaii e Havaianas, também brilharam nas suas campanhas e conseguiram bom engajamento, com índices de 80% e 75% respectivamente.
Outra estratégia que está em alta nos Jogos é o do patrocínio a canais de streaming esportivos, como a CazéTV, que já alcançou 65 milhões no YouTube. Seus anunciantes, como Airbnb, Corona, Vivo e Volkswagen, obtiveram aumento nas buscas na internet e implementaram campanhas paralelas com o tema das Olimpíadas, incentivando ações dos consumidores e aproveitando o conteúdo gerado pelas pessoas. Muitos viralizaram.
Mas enquanto os patrocinadores que usam o on-line apostam na ultrassegmentação, no engajamento e num custo por impressões baixo, os anunciantes da mídia tradicional jogam num campo oposto. De acordo com o estudo da Macfor, a aposta na TV aberta tradicional não perdeu vez, mas alcançou maior sucesso com produtos de consumo rápido ou até impulsivo, voltados para públicos muito amplos, o que justificam um custo mais alto por audiência.
Ambev, Claro, Netshoes, Nivea e Piracanjuba decidiram patrocinar a cobertura da TV Globo, confirmando o padrão de que as marcas com público mais amplo preferem a mídia tradicional. Elas, inclusive, enquadram-se melhor ao tom de voz mais formal da emissora, o que transmite mais credibilidade a elas.
Apesar dessa divisão, a estratégia das empresas não pode ficar muito restrita e deve buscar também a interatividade com o público por meio da comunicação em diversos canais. “Uma abordagem omnichannel pode oferecer o melhor dos dois mundos: o alcance e a visibilidade da TV e o engajamento e segmentação do digital”, conclui Fabricio Macias, co-CEO da Macfor.