A menina Heloísa dos Santos Silva, de 3 anos, segue em estado grave no hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, região metropolitana do Rio de Janeiro. Ela foi levada para a unidade, onde passou por cirurgia, após ter sido baleada na noite de quinta-feira (7), quando viajava de carro com a família.
Segundo comunicado divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde de Duque de Caxias, no fim da manhã deste sábado (9), Heloísa está entubada no Centro de Terapia Intensiva. Ela teve perfuração na região cervical esquerda, lesão no couro cabeludo e na região occipital esquerda amolecida (osso na parte de trás da cabeça).
O pai da criança, William da Silva, contou que dirigia pelo Arco Metropolitano – via expressa que liga cidades da região metropolitana do Rio – quando seu veículo foi alvejado por tiros disparados de uma viatura da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Estavam no carro da família a mãe da menina, uma irmã de Heloísa e uma tia.
O pai disse que não recebeu ordem de parada, e o carro foi atingido quando estava se preparando para estacionar, ao perceber que a viatura estava muito perto dele. A menina foi levada para o hospital pela PRF. Ela chegou com perfurações no crânio, pescoço e ombro.
“Uma viatura da PRF viu a gente passando e veio atrás. Nessa que eles vieram atrás, até então, não deram sinal para parar, mas estavam muito perto do meu carro. Eu dei a seta e parei, só que nessa que eu parei, eles efetuaram vários disparos, e um pegou na minha filha”, contou.
MPF
O Ministério Público Federal abriu investigação para apurar a abordagem da Polícia Rodoviária Federal. O procurador Eduardo Santos de Oliveira Benones, que coordena o controle externo da atividade policial, requisitou à PRF que os três agentes que estavam na viatura fiquem afastados de suas funções por 30 dias e que as armas dos três sejam apreendidas.
Benones quer saber qual o tipo de assistência que a Polícia Rodoviária Federal está prestando à família da criança e pede, ainda, que o Ministério Público Federal tenha acesso ao procedimento administrativo instaurado para apurar o caso pela Corregedoria da Superintendência da PRF no Rio de Janeiro.
PRF
A PRF informou na sexta-feira (8) que três policiais envolvidos no caso foram preventivamente afastados das funções operacionais, “inclusive para atendimento e avaliação psicológica”. A instituição se solidarizou com a família da vítima.
O caso foi registrado inicialmente da 48ª Delegacia da Polícia Civil (DP) e depois encaminhado para a Polícia Federal. A arma do policial que efetuou o disparo foi apreendida.
De acordo com informações da TV Globo, em depoimento na 48ª DP, o policial rodoviário Fabiano Menacho Ferreira assumiu ter disparado contra o carro após ter ouvido um barulho semelhante a tiro. Ele disse que a viatura começou a perseguir o veículo da família após constatarem que era roubado. William da Silva afirmou que comprou o automóvel de um amigo e não sabia que era fruto de roubo.
Pela rede social X (antigo Twitter), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flavio Dino, solicitou esclarecimentos e providências à PRF. Dino afirmou que vai acelerar a revisão de doutrina policial e manuais de procedimento na PRF.
*Com colaboração de Cristiane Ribeiro, da Rádio Nacional
Matéria ampliada às 15h42 para inclusão do trecho sobre o Ministério Público Federal