Beerud Sheth, CEO da plataforma de comércio conversacional Gupshup, defendeu que a Inteligência Artificial Generativa deve ser mais acessível a todos durante o evento Super Bots Experience, realizado em agosto, em São Paulo. Ao lado de outros especialistas, Sheth, fundador de uma das principais plataformas de conversação do mundo, disse ainda que a forma atual dessa tecnologia pode, e deve, ser considerada por custos que sejam capazes de tornar a tecnologia de uso global.
“Na Gupshup, acreditamos que a IA deve ser acessível. O atual modelo de assinatura não funciona para startups em regiões como a América Latina, onde temos muitas grandes empresas que buscam a IA para aumentar a produtividade como uma forma de atrair investidores. Ou seja, os custos devem estar de acordo com a realidade dessas companhias”, afirma.
À medida que o investimento em startups latino-americanas aumenta lentamente pós-Covid, muitas empresas estão construindo partes fundamentais de seus processos para confiar em ferramentas generativas de IA. No entanto, o atual modelo de aluguel de ferramentas desse tipo está se mostrando uma despesa que não se encaixa no orçamento de empresas de uma região que recebe significativamente menos financiamento do que o norte global.
“Ao mesmo tempo em que estamos vendo algumas startups latino-americanas usando a IA de maneira inovadora, elas temem que o custo dessas ferramentas de IA generativas B2B importadas possa sobrecarregar seus já escassos recursos. Por isso, me sinto no papel de alertar sobre essa questão para que todas as empresas que trabalham com isso possam tornar essa tecnologia disponível em todo o mundo”, explica Sheth.
A América Latina é responsável por cerca de 10% de todo o tráfego para o mais famoso LLM baseado em IA, o Chat GPT. No entanto, para uma empresa usar a API do Chat GPT, ela deve pagar uma taxa de assinatura mensal e também um pequeno preço por personagem. Embora o preço por entrada possa parecer muito baixo – cerca de US$ 0,03 – 0,12 para aproximadamente 750 palavras – Sheth argumenta que, para uma startup que busca escalar, esses custos podem rapidamente se mostrar insustentáveis.
Para compensar os custos das assinaturas de IA no longo prazo, as startups que podem pagar estão procurando desenvolver suas próprias ferramentas internas, mas desenvolver, treinar e executar programas de IA continua sendo extremamente caro, como relatam os líderes do setor, Nvidia e Microsoft. Mas, para a maioria das startups, abandonar os modelos de IA generativos mais poderosos, como Chat GPT ou Google, e desenvolver suas próprias ferramentas simplesmente não é financeiramente viável.
No entanto, Stheth argumenta que a realidade desse projeto para IA generativa acessível é possível. Empresas globais como a Gupshup já são capazes de fornecer um preço mais acessível para o uso dessa tecnologia.
“Obviamente ainda é necessário gastar uma quantia considerável para configurar o hardware. Mas se alguma empresa tiver escala e muitos clientes, o custo vai diminuir. Por exemplo, antes um chip era muito caro, mas com o ganho de escala, o custo tornou-se acessível”, compara.
Stheth argumenta que, diferentemente das plataformas de entrega de comida, nas quais a comida varia dependendo de cada região global, a IA é um software que funciona igualmente para qualquer país, mesmo com diferenças de idioma. “Você precisa ter uma presença global para ter escala para reduzir o custo e poder oferecê-lo dentro de um valor possível. Temos uma presença muito forte na Índia, Oriente Médio, Sudeste Asiático e agora também na América Latina, para que justamente possamos aproveitar essa vantagem global, facilitando o trabalho de empresas e negócios”, finaliza.