Em 2023 houve um interesse excepcional dos estudantes brasileiros em cursos semipresenciais. De janeiro a julho deste ano, foram contabilizadas mais de 5 milhões de buscas por cursos nesta modalidade, evidenciando uma tendência educacional emergente. O dado é de estudo da Quero Educação, com informações de sua plataforma Quero Bolsa, um dos maiores portais de bolsas de estudo no Brasil.
Os cursos semipresenciais ganharam notoriedade entre os alunos, o que se reflete nas vendas: em 2023, essas ofertas empataram com a modalidade presencial. Isso demonstra uma mudança notável no comportamento dos alunos, que estão cada vez mais interessados em modelos de aprendizado flexíveis.
A ascensão dos cursos semipresenciais levanta questões importantes sobre a atual estrutura educacional brasileira. De acordo com a Comissão de Ensino e Formação (CEF) do CAU/BR, os normativos vigentes do Ministério da Educação (MEC) não reconhecem a modalidade semipresencial. O que existe, segundo o MEC, são cursos presenciais que oferecem parte de sua carga horária à distância ou cursos totalmente à distância (EaD) com atividades presenciais. O Ministério autoriza, para cursos presenciais, que no máximo 40% da carga horária total seja oferecida à distância.
Este desafio é ampliado no contexto pós-pandêmico, em que o ensino à distância e as atividades remotas se tornaram comuns na sociedade. A modalidade semipresencial, um modelo híbrido de ensino, reflete o amadurecimento do mercado educacional, tendo se tornado cada vez mais comum em universidades ao redor do mundo. Em se tratando de preço, os cursos semipresenciais são 40% mais baratos que os presenciais e menos de 20% mais caros que a modalidade 100% à distância.
Contudo, as Instituições de Ensino Superior (IES) enfrentam barreiras devido às regulamentações do MEC que impedem a divulgação direta de cursos semipresenciais aos seus alunos. Essa situação cria uma discrepância entre a alta demanda dos alunos que preferem a modalidade semipresencial e a oferta limitada a cursos 100% EaD ou presenciais, nos quais apenas uma pequena fração das horas de aula podem ser realizadas à distância.
Essas tendências, refletidas nos dados do estudo, mostram um cenário de transformação do mercado educacional, com estudantes buscando cada vez mais flexibilidade e novos modelos de ensino. A questão que se coloca é: como comunicar corretamente ao aluno as opções disponíveis de ensino se você não pode classificar conforme o mercado convencionou chamar ao longo do tempo?