Nesta semana, início de fevereiro, Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro, decretou estado de emergência em saúde pública por conta da dengue. Segundo a secretaria municipal de saúde do Rio, 11 mil casos foram notificados somente em janeiro. O que mais chamou a atenção foi o número recorde de internações, com mais de 300 registros. Essa quantidade de cidadãos internados é a maior desde 1974. Até o presente momento, três pessoas morreram de Dengue, em 2024, no Estado do Rio de Janeiro: uma era moradora do Complexo da Maré, Região Metropolitana, e as outras duas, do interior do estado. Em todo o Brasil já são mais de 50 óbitos confirmados e 273 óbitos em investigação, segundo o painel de Arboviroses do Ministério da Saúde.
A situação não é muito diferente em diversas regiões do país e, por conta disso, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, registra que o momento exige mobilização de todos os brasileiros para combater a dengue e evitar a proliferação do mosquito Aedes Aegypti. Até o momento, de acordo com ela, o Brasil atingiu a marca de 40 mortes confirmadas por causa da dengue, e outros 265 óbitos estão sendo investigados. Até agora, há mais de 390 mil casos prováveis em todo país. Minas Gerais é o estado com o maior número de casos (mais de 135.000), e o Distrito Federal conta com o maior coeficiente de incidência (número de casos por 100.000 habitantes).
Sílvia Fonseca – docente do IDOMED (Instituto de Educação Médica), médica pediatra, infectologista e epidemiologista – dá algumas dicas para todos os brasileiros.
Ela afirma que, no primeiro momento, é muito importante combater os focos dos mosquitos nos locais que ficam próximos às nossas residências, evitando sempre acúmulo de água tanto em pequenos recipientes, como tampinhas de garrafas, quanto em cisternas abertas. A infectologista e pediatra comenta que repelentes também podem ser usados, conforme instruções dos fabricantes, mas que muitas das vezes as picadas do mosquito ocorrem dentro de casa, e não na rua. Reforça também que não se pode usar repelentes em bebês e crianças pequenas de maneira geral. Se as pessoas forem viajar para lugares onde sabidamente está havendo transmissão de dengue, vale a pena usar roupas que cubram braços e pernas, mesmo sendo no verão.
Na visão da especialista, a dengue é uma doença que pode variar clinicamente desde o cidadão que não terá quase nenhum sintoma até aquele que fará um quadro grave, podendo levar a morte. Os sintomas mais clássicos são: febre, que pode ser muito alta, dor de cabeça e atrás dos olhos, indisposição para comer, um pouco de náusea e diarreia. Ela faz um alerta: quando a doença dá sinais de piora, esses sintomas ficam mais acentuados, e a pessoa passa a ter uma indisposição muito maior; muitas vezes a febre já passou entre o 3º e o 5º dia, mas pode acontecer ainda uma dor muito forte na barriga, diminuindo a vontade de urinar. Outras complicações são tontura, sonolência, vômitos ininterruptos e sangramentos espontâneos, como no nariz ou após a escovação de dentes, ou em pessoas que podem ter um fluxo menstrual mais intenso. Algumas podem apresentar pintinhas na pele, as famosas “petéquias”. Essas situações indicam que a pessoa está piorando e deve procurar ajuda médica o quanto antes.
Outro fator bem importante é a hidratação, pois com a dengue ocorre uma desidratação interna. Assim, quanto mais líquido for reposto, menor poderá ser a chance de piora. A Dra. Sílvia Fonseca comenta que é necessário beber muito líquido, ou seja, de 4 a 5 litros; água e sucos podem ser utilizados, e pelo menos 1 litro da hidratação deve ser de soro de reidratação. O soro caseiro também ajuda bastante a manter uma boa hidratação.
Com relação às crianças, a docente do IDOMED aponta que surge um problema, pois elas não manifestam os sintomas clínicos de forma tão exuberante. Por exemplo, uma criança com menos de dois anos pode ficar muito chorosa e irritada e estar com a dengue. Ela pode até fazer febre, mas, como costumam a ter também outras viroses, os pais devem ficar bem atentos. Por precaução e em caso de dúvida, a pediatra pede para os responsáveis levarem suas crianças ao médico para realizar o exame da dengue, chamado NS1.
Sílvia ressalta que é muito importante seguir uma linha de tratamento, pois a maior parte das pessoas se recuperará plenamente da doença. Porém, crianças, idosos e pessoas com problemas de saúde pré-existentes podem desenvolver uma forma grave da dengue e até morrer.