Quando se analisa mercado de licenciamento de marca, estudo da Global Licensing Industry evidencia que o Brasil é o oitavo no mundo em faturamento bruto. De US$5,9 bilhões gerados, US$580 milhões estão dentro do mercado esportivo. Desse total, o Flamengo, por exemplo, movimenta ao menos R$88 milhões ao ano, o que é quatro vezes mais do montante gerado há cerca de quatro anos. Em percentuais, o licenciamento de marca já representa cerca de 10% do faturamento total do clube e tende a crescer nos próximos anos.
E um dos impulsionadores do crescimento do faturamento com licenciamento de marca no futebol brasileiro vem de uma área até pouco tempo inimaginável: da hotelaria e multipropriedade. A indústria da hospitalidade fincou o pé no futebol e já promete esquentar essa partida. E o primeiro passo vem do Sul do País, sendo dado por Grêmio Foot-ball Porto Alegrense e Sport Club Internacional. Eles acabaram de firmar o maior contrato de licenciamento de marca – sem considerar contratação de jogador, ações de naming rights e sponsorships.
Cada clube terá seu próprio resort temático, sendo que ambos estarão localizados na cidade de São Francisco do Sul, na serra gaúcha. E pela cessão de marca, cada um dos clubes vai embolsar por mais de 30 anos participação na comercialização e resultados dos seus respectivos empreendimentos. “Nunca se viu nada semelhante no Brasil, quiçá no mundo”, destaca Fabiano Veronezi, CEO da FAMA Licensing, empresa referência em licenciamento de marcas no Brasil, com mais de R$300 milhões gerados em licenciamentos de marcas.
Não é novidade que a hotelaria e multipropriedade global já se relaciona com o licenciamento de marcas para potencializar os seus negócios. As iniciativas bem sucedidas até hoje englobam principalmente personagens do entretenimento, moda, música e artes, tais como, Prédio da Porsche, Bentley Home, Pininfarina, Louis Vuitton, entre outros. O esporte também entra nessa lista. No entanto, esse mercado que ultrapassa mais de 10,5 mil empreendimentos hoteleiros que hoje conta com uma ocupação média de 60% e quer aumentar esse indicador começa a enxergar o licenciamento de marca por um outro viés.
Levantamento recente do Instituto AtlasIntel evidenciou as maiores torcidas de futebol no Brasil e os dados são impressionantes. O Flamengo lidera (47 milhões), seguido por Corinthians (30 milhões), São Paulo (22 milhões), Palmeiras (20 milhões), Vasco da Gama e Cruzeiro (13 milhões, cada), Grêmio (10 milhões), Atlético Mineiro (9 milhões) e Bahia e Internacional (7 milhões, cada). Somados, os torcedores dos clubes citados somam algo em torno de 70% da população brasileira.
Veronezi é cirúrgico ao explicar a oportunidade que os clubes de futebol têm diante de si. “O esporte movimenta emoções e cada vez mais as marcas precisam de conexão para vender. Ou seja, essa união é perfeita para alcançar resultados mais expressivos”. Segundo o executivo é difícil mensurar em números o quanto a marca pode reforçar as vendas tais como de clubes de futebol devido a sua exponencialidade e audiência com vários públicos, mas segundo ele “é fácil entender que a emoção e sentimento de pertencimento reduz o tempo de consideração de compra, otimizando os investimentos em Marketing e Vendas das empresas”
Ainda de acordo com Veronezi, que intermediou os contratos de licenciamento com Internacional e Grêmio, “as oportunidades estão surgindo e outros grandes clubes já se atentaram para isso e começaram a vislumbrar ampliar as suas ações de licenciamento de marcas”. Ele explica que “no Brasil, os clubes de futebol, dentro dos seus processos de profissionalização, vem enxergando cada vez mais essa oportunidade e percebendo as oportunidades existentes no mercado. Acredito que em nos próximos cinco anos, teremos um boom em contratos de licenciamento fora do seu corredor convencional impulsionados pela iniciativa criativa”.
Resorts Grêmio e Internacional
Os resorts em fase de início de obras devem demandar cerca de R$1 bilhão em investimentos pelos próximos três anos, período previsto para entrega dos projetos. Eles serão comercializados em modelo de multipropriedade e contarão com ambientes 100% tematizados. “Para os clubes, a parceria é excelente fonte de receita recorrente e para multipropriedade e hotelaria nacional uma ação de vanguarda espetacular que será case mundial” completa Veronezi. “A expectativa é ampliar em, aproximadamente, 50% o potencial de geração de receita comparado a um resort convencional por conta do uso das marcas”, prevê.
Os empreendimentos localizados na serra gaúcha terão, cada um, 461 apartamentos, área de lazer completa para a família e um campo de futebol oficial. A estrutura compreende apartamentos família, premium e suíte, mais de 10 quadras esportivas (campo oficial de futebol, mini quadras, fut5, fut7, futebol de areia, futmesa, poliesportivas, tênis e beach tennis), playground, espaços kids, restaurantes, academia, 1000 m2 de piscinas outdoor e indoor, wellness, coworking, sala de jogos, loja do clube, área de eventos (300 pessoas), memorial e sports bar e arquibancada instagramável, tudo com visão para o campo.