Nos últimos anos, o conceito de marketing prateado tem ganhado destaque, refletindo a crescente importância da população acima de 59 anos no mercado de trabalho e no consumo. Com o avanço da expectativa de vida e o aumento do número de pessoas nessa faixa etária, as empresas estão começando a perceber o potencial econômico e social dessa demografia.
Dados recentes mostram que os brasileiros com 59 anos ou mais já ultrapassam os 32,1 milhões de pessoas, totalizando 15,8% do total da população do país e superando os 15,1% de brasileiros idosos anunciados na última PNAD-contínua. Este crescimento traz consigo uma demanda significativa por oportunidades de emprego e uma mudança nas dinâmicas de consumo. Segundo dados obtidos no estudo Oldiversity, realizado pela Croma Consultoria, 58% dos respondentes declaram que as marcas e empresas estão se adaptando para atender às necessidades dos 59+.
Quanto às respostas referentes à longevidade, o estudo revela ainda que 74% do total dos respondentes passaram a comprar ou consumir marcas que falam claramente sobre longevidade com mais frequência, mas entre o grupo 59+, esta parcela é ainda maior (80%). Além disso, 89% destes integrantes da melhor idade passaram a admirar mais estas marcas. Uma grande parte dos respondentes com 59+ costumam recomendar estas marcas (78%), contudo ainda é uma parcela um pouco menor comparado a média geral dos brasileiros (81%).
Para Edmar Bulla, fundador do Grupo Croma, o público 59+ reconhece ações genuínas e passam a prestigiar mais eventos comprando, admirando e promovendo marcas autênticas: “Autenticidade e identificação com esse público geram índices incrivelmente positivos de preferência, fidelidade, recomendação e credibilidade. Investir em longevidade só resulta em ganhos. Não consigo entender porque, ainda, a maioria das marcas não se atentou para esta oportunidade gigantesca!”
Entretanto, os desafios enfrentados por essa faixa etária são significativos. A discriminação ainda é uma barreira comum, com muitas empresas hesitando em contratar colaboradores mais velhos devido a preconceitos sobre produtividade e adaptabilidade. Além disso, a falta de capacitação e oportunidades de requalificação torna o acesso a novas posições ainda mais complicado.
O idadismo, que se refere ao reconhecimento e valorização dos mais velhos na sociedade, tem avançado no Brasil, mas ainda há um longo caminho a percorrer. Iniciativas de inclusão e programas de conscientização são essenciais para derrubar estigmas e promover a diversidade nas empresas. O marketing prateado não é apenas uma estratégia comercial, mas uma oportunidade de reconstruir narrativas e valorizar as experiências e saberes acumulados ao longo da vida.
O estudo revela ainda que 56% dos brasileiros acreditam que o público 59+ passou a ser mais valorizado e respeitado nos últimos dez anos. “O preconceito na contratação é um dos principais consensos entre a população em geral. Na mesma linha, há uma preocupação com a qualidade de vida no futuro, mas os 59+ têm maior percepção de independência que o conjunto social que o cerca. Existe a crença de que os 59+ passaram a ser mais valorizados ultimamente, mas isso é menos reconhecido justamente pelos que compõem a melhor idade. A preocupação em como se manter no futuro é maior, uma vez que o grupo 59+ já tem ciência da sua realidade econômica”, explica Bulla.
Empresas que investem em marketing voltado para o público sênior não só ampliam seu mercado potencial, mas também contribuem para uma sociedade mais inclusiva, na qual a sabedoria e a experiência são reconhecidas e valorizadas.
À medida que avançamos, é fundamental que todos os setores da sociedade colaborem para criar um ambiente de trabalho mais acolhedor para os mais velhos. Assim, podemos garantir que a população com 59 anos ou mais não apenas ocupe um espaço no mercado, mas também contribua de forma significativa para o desenvolvimento econômico e social do Brasil.