O mercado de apostas deve movimentar em 2023 mais de US$ 25 bilhões no Brasil, ou R$ 115 bilhões, de acordo com a estimativa realizada pela Gmattos Consultoria, que há mais de 20 anos identifica tendências no setor de meios de pagamento no país. Esse crescimento tem sido impulsionado pelo PIX.
A estimativa da consultoria para o volume movimentado em apostas neste ano foi feita com base no resultado desse setor no Brasil nos dois primeiros trimestres de 2023. No primeiro, a movimentação foi de US$ 2,7 bi, e no segundo, de US$ 5,3 bi. Os números são do Banco Central, que monitora o fluxo de remessas de capital das empresas que operam as apostas.
Projetando a velocidade de crescimento desse mercado no período e levando também em conta sua evolução desde o ano passado, a Gmattos chegou à estimativa de faturamento (total de depósitos) em apostas de R$ 115 bilhões até o final de 2023, considerando a movimentação total do ano.
A alta do segmento é embasada por vários fatores, segundo Gastão Mattos, cofundador e diretor-geral da Gmattos. “A receptividade favorável do público às apostas, associada ao massivo investimento publicitário e de patrocínios e o expressivo número de empresas atuantes e entrantes no Brasil, explicam o crescimento exponencial desse mercado no país”.
Encaixe perfeito
Além disso, um meio de pagamento também em evolução no Brasil encontrou um “encaixe perfeito” nas operações das casas de apostas: o PIX. A Gmattos apurou que 100% dos principais players do segmento operam via PIX para recebimento dos depósitos.
“Ele é usado por sua natureza de pagamento instantâneo, viabilizando uma aposta esportiva poucos minutos antes do evento, e com segurança para o recebedor, visto que não tem chargeback,”, afirma Gastão Mattos. “E é prático, considerando que a maior parte dos depósitos apresenta valores inferiores a R$ 100, sem contar que tem elevada adesão da população, com 140 milhões de chaves únicas cadastradas.”
A conectividade e a agilidade do modelo passam ainda pelos provedores de serviços de pagamentos (PSP) que, associados a bancos que operam câmbio, viabilizam a operação de recebimento via PIX e remessa de câmbio (dólares ou euros) para o destino-sede das casas de apostas, uma vez que 100% delas estão fora do país. “O segmento é uma oportunidade para toda a cadeia associada aos prestadores de serviços de pagamento multiplicar seus negócios”, ressalta o diretor-geral da Gmattos.
Investimentos em propaganda
O apetite das casas de apostas pelo mercado brasileiro se reflete em seus investimentos maciços em publicidade. Segundo estudo do Meio & Mensagem/Kantar Ibope Media, esses estabelecimentos tiveram 12 representantes entre os 300 maiores anunciantes no país em 2022, investindo juntos mais de R$ 1 bilhão em propaganda no Brasil. O mesmo estudo identificava apenas um anunciante do segmento entre os 300 maiores em 2018.
As casas de apostas veiculam suas marcas também nos materiais dos clubes de futebol. Dos 20 times da série A do Campeonato Brasileiro de 2023, 19 contam com algum tipo de patrocínio dessas empresas. Uma casa de apostas, inclusive, detém os naming rights da Copa do Brasil 2023.
No último dia 25 de julho, o Governo Federal publicou a Medida Provisória (MP) nº 1.182/2023 para regulamentar as apostas esportivas no país. O objetivo é estabelecer regras claras para esse mercado, suprindo uma lacuna de regulamentação observada desde a sua criação, em 2018.