Um levantamento divulgado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária revela dados que indicam uma produção de alimentos menos nociva à natureza e mais saudável para os consumidores. Segundo a pesquisa, cerca de 50% dos produtores brasileiros usam bioinsumos em suas lavouras. Isso coloca o país na liderança do uso de produtos biológicos feitos a partir de elementos naturais para controlar pragas e aumentar a produtividade. Além disso, o Brasil se consolidou como o líder na produção desses biofertilizantes, tornando-se modelo para todo o mundo.
O ministério destaca que, em quase 20 anos de inovações no setor, o Brasil já tem registrados 662 produtos de baixo impacto. Isso reflete uma evolução significativa, considerando que aproximadamente 75% deles chegaram ao mercado entre 2008 e 2024.
Secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura e Pecuária, Carlos Goulart ressalta que esse cenário posiciona o Brasil na vanguarda da transição para uma agricultura mais sustentável, com taxa de crescimento da produção de bioinsumos de 30% ao ano – quase o dobro do crescimento global, que é de cerca de 18%:
“O estímulo ao uso de bioinsumos é impulsionado por um diálogo constante entre governo, produtores e pesquisadores, com o objetivo de assegurar a segurança e a eficácia desses produtos, promovendo inovação e novas soluções. Além disso, a utilização de tecnologias e o aumento da oferta de soluções sustentáveis têm sido fundamentais para consolidar a liderança do Brasil nesse mercado emergente”.
Impacto econômico e projeções futuras
O mercado de bioinsumos no Brasil experimentou um crescimento significativo na safra 2023/2024, com aumento de 15% em relação ao ano anterior. O setor movimentou R$ 5 bilhões, consolidando-se como um dos pilares da agricultura brasileira. Os produtos biológicos agrícolas englobam uma gama de soluções, como bioestimulantes, inoculantes, e defensivos biológicos, que estão ganhando cada vez mais espaço nas lavouras do país.
Globalmente, o mercado de bioinsumos foi avaliado em cerca de US$ 14 bilhões em 2023, e as previsões indicam que o setor poderá atingir um valor de US$ 45 bilhões até 2032 – taxa de crescimento anual de 14%. O Brasil segue sendo uma referência para a adoção desses produtos, especialmente com suas culturas de grande porte, como soja, milho e cana-de-açúcar. Atualmente, aproximadamente 40 milhões de hectares no país utilizam bactérias promotoras de crescimento de plantas, e 10 milhões de hectares fazem uso de outros bioinsumos para o controle de pragas.
“O uso de bioinsumos oferece uma série de benefícios ambientais e econômicos. Esses produtos, baseados em microrganismos e extratos vegetais, ajudam a aumentar a fertilidade do solo, controlar pragas de maneira mais eficiente e biodegradável, além de promoverem uma agricultura mais sustentável. Com a crescente demanda por soluções ecológicas, os bioinsumos têm se mostrado uma alternativa viável para mitigar os impactos ambientais da agricultura convencional”, explica Luiz Eugênio Pontes, diretor comercial da Fertsan, empresa brasileira que desenvolve bioestimulantes.
Para ele, o futuro dos bioinsumos é promissor:
“A tecnologia que estamos desenvolvendo tem o potencial de transformar a produtividade agrícola de maneira sustentável, alinhada aos valores ESG. Temos uma demanda reprimida no Brasil para milhões de hectares voltados ao plantio nessa linha sustentável”.
Apesar do crescente sucesso, o caminho para a adoção plena dessas tecnologias no campo ainda enfrenta desafios. Segundo Carlos Goulart, a transição para o uso de bioinsumos não é imediata.
“Apesar dos avanços regulatórios, a adoção dos bioinsumos no campo leva algum tempo para se concretizar, o que reforça a importância de continuar a promover o diálogo entre os envolvidos no setor, produtores, consultorias e técnicos”, afirma o secretário de Defesa Agropecuária do ministério.