Segundo dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP), mesmo após a quaresma, quando a demanda por ovos costuma diminuir, o mercado em âmbito nacional segue firme e as cotações permanecem estáveis em boa parte das praças analisadas por esta entidade.
Pesquisadores do Cepea apontam que o início do mês, com o recebimento de salários, propiciou o aumento deste consumo, aliado à oferta controlada de certa forma, levando a estabilidade dos preços praticados. Entretanto, segundo colaboradores consultados pelo centro de pesquisas, há possibilidade de enfraquecimento da demanda e nos preços, em especial na segunda quinzena.
Em termos de exportações, o Brasil abre mercados para El Salvador, somando cerca de US$ 137 milhões em 2023 com exportações de ovos e carne de aves para este país. É que o governo brasileiro recebeu aprovação sanitária que autoriza o Brasil a exportar estes produtos para El Salvador.
Seguem abaixo perguntas/respostas com o empresário Murilo Pinto, Diretor Comercial da Mantiqueira Brasil.
1- Quais as expectativas para esse final do primeiro semestre da demanda por ovos e preços praticados?
Acredito que tenhamos um primeiro semestre dividido em duas fases: um foi o primeiro trimestre do ano, mercado com forte calor, o que reduziu a oferta de ovos prevista inicialmente, e o mercado ficou forte com bastante consumo também em função da Quaresma, período tradicionalmente que as pessoas consomem menos carnes vermelhas e aumentam consumo por ovos, em função disso, principalmente na Região Nordeste do Brasil.
A segunda fase do semestre é o segundo trimestre, que agora é o momento pós-Quaresma. Esperamos ter mais oferta de ovos no mercado e mais oportunidade de promoções também para o consumidor final, que irá sentir isso.
2 – Um dos novos mercados que os ovos brasileiros têm sido exportados é El Salvador, já que o governo brasileiro recebeu aprovação sanitária que autoriza o Brasil a exportar ovos e carne de aves para este país. Como a Mantiqueira Brasil observa essa nova conquista de um país da América Central na rota de exportações de ovos?
Em relação à abertura da El Salvador, ainda não refletiu, não tivemos nenhuma demanda para lá. Claro que a abertura de um novo mercado é sempre positiva, mas em termos de gerar grandes impactos ainda não sentimos e ainda não é um mercado tão grande que possa mexer o “ponteiro” na oferta e demanda de ovo nacional de produção e venda de ovos. Por enquanto, só a abertura do mercado mesmo, no aspecto diplomático, mas demanda e transações de ovos ainda não ocorreram.
3 – Na rota de exportação da Mantiqueira quais são hoje os países que importam maior volume e quais têm maior expectativa de crescimento?
Os países que mais importam são os do Oriente Médio, em especial Dubai, principal destino, e com maior potencial de crescimento é o Japão, que já é um mercado consumidor, e o Chile, que são os top 3 destinos que o Brasil tradicionalmente exporta e os que vejo com maior potencial são Japão e Chile. Há uma discussão de abertura para Rússia também, que seria um bom destino, com dimensão continental e populosa, então teria grande potencial de consumo.
4 – Em termos de tipo de ovos e logística, como ocorre este processo?
A logística é feita em contêineres, com 40 pés, refrigerado, de 0 a 8 graus Co e essa temperatura, o grande diferencial, comparado ao que temos no mercado interno, é que a partir do momento que resfria os ovos nesta faixa de temperatura, cria um shelf life muito maior. Então, para ter uma base, há destinos que mandamos os ovos com 180 dias (6 meses de validade). No mercado interno, para efeito de comparação, temos 30 dias de validade do ovo. Isso acontece em função de não ser refrigerado. A cadeia logística e do varejo no Brasil não é refrigerada, e na cadeia de exportação os países importadores têm esta cadeia refrigerada, tanto no transporte, quanto no ponto de venda, o que alonga a vida útil dos ovos.