Um caso chocante de preconceito e transfobia surgiu no cenário carioca, trazendo à tona a importância de combater a intolerância em todas as suas formas. O incidente ocorreu no dia 29 de setembro de 2023, no Hospital Federal Cardoso Fontes, em Água Santa, no Rio de Janeiro. Tiffany Luiza Macedo de Menezes, uma mulher transsexual, foi vítima de preconceito e discriminação enquanto buscava atendimento médico.
O incidente ocorreu entre às 10h40 e as 11h da manhã, quando Tiffany, acompanhada de seu avô idoso, estava no hospital. Ela foi abordada por uma funcionária identificada como Rosângela Antunes, supostamente enfermeira. Rosângela questionou Tiffany sobre seu nome, ao qual ela respondeu “Tiffany”. No entanto, a situação tomou um rumo extremamente desagradável quando Rosângela a convidou para uma enfermaria desativada e fez uma pergunta ofensiva: “O que você é?”
A resposta de Tiffany, “Como assim?”, refletiu sua surpresa e desconforto com a pergunta preconceituosa. Percebendo que estava sendo alvo de transfobia, Tiffany começou a filmar a interação, registrando o momento em que a funcionária usou palavras ofensivas e discriminatórias. Tiffany também relatou que Rosângela questionou a legislação atual sobre a possibilidade de pessoas transgênero utilizarem o banheiro.
Tiffany sentiu-se profundamente ofendida e pediu que medidas apropriadas fossem tomadas para abordar o preconceito e a discriminação que sofreu. Ela compareceu à DECRADI – Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância e relatou o ocorrido, acompanhada da advogada Dra. Carolina Arieira Rosas. Uma assistente social identificada como Marina, que presenciou o incidente, também depôs sobre o que ocorreu.
A polícia agora está investigando o caso como um incidente de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, sob a Lei 7.716/89, com motivo presumido de transfobia. Tiffany, cujo nome é Tiffany Luiza Macedo de Menezes, apresentou todos os detalhes à autoridade policial e espera que as medidas cabíveis sejam tomadas.
Esse triste episódio destaca a necessidade contínua de conscientização e educação para combater o preconceito e a discriminação contra pessoas LGBTQ+ e, especificamente, contra as pessoas transgênero. Também ressalta a importância de garantir que todas as instalações de atendimento médico sejam seguras e acolhedoras para todos os pacientes, independentemente de sua identidade de gênero.
O caso continua sendo investigado e, espera-se que a justiça seja feita para Tiffany e que ele ajude a sensibilizar a sociedade sobre a importância de respeitar e defender os direitos de todas as pessoas, independentemente de sua identidade de gênero.
Nota do Hospital Federal Cardoso Fontes
A direção do Hospital Federal Cardoso Fontes (HFCF) informa que não compactua com qualquer tipo de discriminação e que, em momento algum, foi notificada sobre o ocorrido. O caso será encaminhado para a Comissão de Ética de Enfermagem da unidade, supervisionada pelo Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro (COREN/RJ), para esclarecimento dos fatos.
O Departamento de Gestão Hospitalar do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro (DGH MS/RJ), que faz a gestão dos seis Hospitais Federais, também repudia, veementemente, qualquer tipo de discriminação. Neste sentindo, o DGH já vem debatendo sobre equidade e diversidade em saúde desde o início da atual gestão, o que não ocorria no governo passado. As reuniões são realizadas sistematicamente com a participação de representantes dos Hospitais Federais e dos movimentos sociais, com o objetivo de discutir o tema e orientar os profissionais quanto à cultura de respeito pela diversidade e preocupação com o bem-estar da sociedade.