A Sapoti Projetos Culturais está promovendo a terceira edição do Oficina Maker, um laboratório de fabricação digital, totalmente gratuito e digital, voltado para estudantes de 14 a 20 anos da rede pública da Zona Norte e Oeste do Rio de Janeiro. O projeto é patrocinado pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura, TechnipFMC, Sotreq, e Kadima Gestão de Investimento e sistema de ensino PH por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura – Lei do ISS.
Com duração de 17 aulas, duas vezes por semana, dividido em duas turmas, segundas e quartas-feiras e terças e quintas-feiras – das 13h às 17h, o curso tem previsão de término em abril de 2025. Cada turma conta com 15 participantes, que recebem bolsa com ajuda de custo, auxílio transporte e vale-refeição.
As atividades do programa de formação acontecem presencialmente, no FabLab, laboratório de fabricação digital da Unidade Firjan Tijuca e o foco são os alunos das escolas da Tijuca, São Cristóvão, Maracanã e outros bairros atendidos pelo metrô. O espaço faz parte da rede mundial criada pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT). Computadores, cortadora laser, impressora 3D, scanner, soldadora e arduino são alguns dos equipamentos que compõem esse ambiente colaborativo. Nele, os estudantes poderão desenvolver projetos e ideias durante o curso.
O programa do Oficina Maker será dividido em quatro módulos, totalizando uma carga horária de cinquenta e duas horas. Sendo aplicados os seguintes assuntos:
Energias Renováveis – conceito de Energias Renováveis; matriz Energética Brasileira; energia Hídrica, eólica e solar e o princípio de funcionamento das fontes de energias renováveis;
Transição energética – matriz energética; transição de fontes fósseis para fontes renováveis; sistema Energético, políticas públicas e mercado de trabalho;
Desenvolvimento de Projeto – estratégias de trabalhos em trabalho em equipe; aprendizado colaborativo, planejamento de produto e projeto;
Modelagem do projeto – desenho técnico em 2D e 3D; digitalização 3D; o modelo virtual; seleção de material construtivo
A origem do movimento maker surgiu nos Estados Unidos, do conceito DIY, em inglês, “do it yourself”, “faça você mesmo”. A ideia de que nós mesmos podemos fazer a manutenção e os melhoramentos da nossa casa se expandiu e ganhou força. Dela, surgiu um movimento que convida os makers a colocarem a “mão na massa” para criar, construir, consertar, modificar e fabricar produtos para solucionar problemas.
Por conta da evolução tecnológica, as escolas estão lidando com um novo perfil de alunos, muito mais conectado e capaz de obter informações com a rapidez de um clique. É necessário que os jovens brasileiros adquiram competência em tecnologia e inovação para se prepararem para as mudanças no mundo do trabalho. A educação maker pensa em uma educação baseada em projetos, onde crianças e jovens são convidados a solucionar problemas através da criação de suportes, protótipos e experimentos.
Entre as vantagens da educação maker estão o protagonismo do estudante; engajamento; conhecimento aplicável ao cotidiano; experiência técnica para lidar com novas tecnologias e proatividade e pensamento crítico. Todas fundamentais ao mundo do trabalho; a prática é tão importante quanto a teoria.
A Sapoti é uma produtora de conteúdo na área da educação não-formal, que acredita que o conhecimento pode ser construído e compartilhado de forma criativa.O projeto surgiu quando a equipe da produtora atuou como consultora junto a ação educativa da Casa Firjan e conheceu a potência do FabLab. A partir da experiência da Sapoti, que já desenvolve Laboratórios de Ações Criativas em museus – como o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) – veio a ideia de levar a metodologia maker – faça você mesmo – para alunos de escolas da rede pública.
– A ideia do projeto Oficina Maker é divulgar essa metodologia entre estudantes de escolas públicas e na periferia como forma de empoderar os estudantes e democratizar o acesso à informação. A proposta é prestigiar moradores da Zona Norte e Oeste, fugindo da Zona Sul, onde já tem muita oferta, criando mão de obra especializada neste segmento., afirma Daniela Chindler, diretora da Sapoti.
Rayssa Fernandes, 17 anos, estudante do Colégio Estadual Antônio Prado Júnior, moradora do Grajaú, Zona Norte do Rio, que acaba de se inscrever nesta terceira edição, não esconde o entusiasmo. “Eu já tinha ouvido falar um pouco sobre a cultura maker. Desde pequena sou fascinada por desmontar aparelhos eletrônicos antigos para entender como funcionam. Acredito que o Oficina Maker vai me ajudar a criar meus próprios projetos”, diz.
Protagonismo feminino: metade do quantitativo foi destinado a alunas. Também são priorizadas para preenchimento das vagas, alunos com representatividade racial, visando permitir a capacitação de grupos historicamente invisibilizados.
Dos trinta alunos selecionados, dezessete estudantes são mulheres. Esse resultado não é por acaso. O projeto Oficina Maker busca impactar meninas que, ainda em idade escolar, enfrentam os desafios para seu engajamento nas áreas da metodologia STEAM (Ciências, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática). Pesquisas mostram que as meninas brasileiras só poderão vislumbrar no horizonte as carreiras STEAM se a nossa sociedade oferecer segurança, dignidade e ferramentas para que elas possam exercer seus potenciais ao longo de suas vidas. O equilíbrio de gênero nessas áreas é fundamental, diz a coordenadora do projeto Daniela Chindler. Na edição anterior do projeto a estudante Ana Clara Miranda Ovídio, estudante do 3º ano do ensino médio do colégio estadual Olavo Bilac, em São Cristóvão, foi selecionada e contratada pela patrocinadora TecnipFMC como jovem aprendiz na área de gestão social.
José Rodrigo Araújo Leão, 20 anos, é hoje monitor do projeto, mas foi aluno do Oficina Maker na primeira edição. Nascido e criado até os 10 anos de idade no Maranhão, há alguns anos ele vive no Complexo da Maré. “Embora não conhecesse esse nome, desde muito jovem eu fazia o “maker”, reutilizando o que estava quebrado e sobras de material. Fazia construções de pequenas coisas, como carrinhos e objetos que eram aproveitados no dia a dia da casa”, lembra o jovem. José atua na área de robótica desde 2019. “Comecei na escola em uma oficina de robótica que tinha o apoio da Redes da Maré. Aparelhos eletrônicos sempre me encantaram, e quando descobri o que significava robótica, foi ali que me identifiquei”. No final da pandemia a Sapoti encontrou o nosso grupo que competia em concursos e tivemos a oportunidade de apresentar o projeto Oficina Maker e outros espaços”, diz. Atualmente, José também atua como professor de robótica para crianças pela ONG Redes da Maré.
OFICINA MAKER
Firjan Tijuca
Endereço: Entrada pela rua Mariz e Barros, 678 e
pela rua Morais e Silva, 53 – Maracanã