O TikTok está viabilizando a ida de cinco jovens do projeto AfroGames, primeiro e único centro de formação de atletas em e-Sports em favelas, para a Alemanha para participarem da Gamescom, a maior feira de games do mundo, que este ano acontece de 23 a 27 de agosto, na cidade de Colônia. Com idades entre 18 e 25 anos, Renan Macedo, Márcio Corrêa, Caio Luiz Mendes, Maria Luiza dos Santos e Maria Luiza do Nascimento Santos, moradores de Vigário Geral, Complexo da Maré e outras comunidades do Rio, foram convidados pela Associação Brasileira de Desenvolvedoras de Games (Abragames) para representar a delegação brasileira no evento. O Brasil será o país homenageado na edição 2023 do evento.
Durante o evento, os jovens terão várias atribuições e estarão conectados às principais novidades do universo dos games. No dia 24/8, eles participam do painel exclusivo da Abragames no palco principal do pavilhão de exposições, onde apresentarão o AfroGames, reconhecido como o maior projeto ESG de games no Brasil, e contarão como a iniciativa de inclusão social mudou suas vidas, contribuindo inclusive para que pudessem ter uma carreira – alguns deles já desenvolvem programas de jogos e participam de campeonatos internacionais. Nos demais dias do evento, os jovens, jogadores profissionias (Pro Players) e criadores de conteúdo do projeto AfroGames, estarão no estande do Brasil, mostrando também algumas habilidades e estratégias em jogos eletrônicos como League of Legends (LoL), Fortnite, FreeFire e Valorant.
A viagem internacional, que para todos eles representa a realização de um sonho possível graças ao AfroGames, também contará com um acontecimento importante: o lançamento do Squad TikTok AfroGames, de diversidade e inclusão. Por meio de uma parceria entre a plataforma e o projeto, os jovens produzirão conteúdo para o TikTok, por pelo menos um ano, com ênfase em diversidade, inclusão e combate à desinformação. Para a ação, eles receberão uma bolsa para se desenvolverem enquanto jogadores e criadores de conteúdo.
“Quando começamos esse projeto de inclusão digital inédito no mundo, em 2019, tínhamos algumas metas, mas não esperávamos que conseguiríamos crescer tão rápido e sermos considerados o maior projeto ESG de games no Brasil. Queremos ampliar o AfroGames para outras favelas do Rio e abrir a nossa primeira unidade em São Paulo. Hoje estamos presentes em quatro comunidades do Rio e atendemos mais de 800 alunos ao longo desses anos. Até 2024, queremos chegar a 1000 jovens. Nosso objetivo é transformar as favelas em um grande centro de talentos em games e programação”, ressalta o diretor executivo do AfroGames, Ricardo Chantilly.
Segundo Handemba Mutana, líder do TikTok for Good no Brasil, a parceria com o projeto já existe há algum tempo e contempla diversas ações. A principal delas é que os jovens possam aprender cada vez mais. “Buscamos ajudar na capacitação deles por meio de workshops sobre boas práticas e estratégia de conteúdo”, explica.
Referência no Brasil e no exterior, o AfroGames é a única iniciativa inclusiva no mundo a capacitar e profissionalizar jovens para atuar e competir em esportes eletrônicos, promovendo a diversidade, a transformação social e a geração de renda. Criado em 2019, por meio de uma parceria entre o Grupo Cultural AfroReggae e a Chantilly Produções, o projeto atende hoje 500 jovens das comunidades de Vigário Geral, do Morro do Timbau e da Nova Holanda (que fazem parte do Complexo da Maré) e do Morro do Estado (em Niterói) e oferece cursos técnicos em e-Sports (com os jogos Fornite, Free Fire, Valorant e League Of Legends) e Desenvolvimento de Jogos (Programação e Produção de Trilha Sonora para games), além de aulas de inglês. Os jogadores profissionais também recebem uma bolsa no valor de um salário-mínimo pelo projeto e cumprem uma carga semanal de estudos de 20h, que também envolve treino técnico da sua modalidade, acompanhamento psicológico e preparação física.
Para 2024, a ideia é ampliar ainda mais o projeto para comunidades de São Gonçalo e de São Paulo, inclusive. O objetivo é formar profissionais para atuar na indústria dos games, usando a cultura, o esporte e o lazer como ferramentas de bem social para um público com pouco ou nenhum acesso ao universo digital, promovendo ainda mais transformação e inserção. “Nossa previsão é fechar 2023 com 3.970 horas de cursos e mais de 1.625 horas de inglês”, conta Chantilly.
Atualmente, o projeto conta com o patrocínio da Ambev (Fusion), IHS Towers e Enel e Governo do Estado do Rio de Janeiro, além do apoio das empresas Grupo Globo, Gol, TikTok, Player 1, HyperX, Kingston, DT3, Kingston e Warrior.
Sobre o cenário dos games no Brasil, Rodrigo Terra, presidente da Abragames, afirma que a indústria brasileira vem crescendo e conquistando grandes reconhecimentos internacionais. “Este é um momento histórico para o Brasil, que tem apresentado resultados incríveis. A homenagem da Gamescom coroa todo o trabalho que vem sendo feito pelos estúdios e profissionais brasileiros”, destaca.
Para os jovens do AfroGames, a oportunidade de vivenciar esta realidade é única. “O AfroGames tem realizado meus maiores sonhos, como este de viajar para fora do Brasil. Estou muito feliz pelas novas oportunidades de participar da Gamescom e ser embaixador do TikTok”, afirma Renan Macedo de Farias, 20 anos, primeiro jogador profissional de Fortnite do AfroGames. Hoje ele também é criador de conteúdo. “É muito importante e especial para mim estar participando desse evento, que eu só poderia acompanhar de longe. Desde que entrei no AfroGames, consegui me conectar e estar presente em lugares incríveis. Espero poder mostrar ao mundo todo o talento presente nas favelas”, conta Maria Luiza do Nascimento Santos, 23 anos, uma das meninas que se destacam no time profissional do projeto.
Este ano, o AfroReggae completou 30 anos de existência, com a missão de promover a inclusão e a justiça social por meio da arte, da cultura afro-brasileira e da educação. “Temos como um dos principais objetivos despertar potencialidades artísticas de jovens das camadas populares. A iniciativa aumenta a autoestima dos moradores de favelas, além de gerar renda, afastando-os da influência do tráfico”, ressalta William Reis, coordenador executivo do Grupo Cultural AfroReggae.