O país está passando por uma onda de calor intensa, e a previsão é que ela persista até janeiro de 2024. O clima quente e seco pode trazer diversos problemas à saúde, um deles é o aumento dos riscos de trombose e acidente vascular cerebral. Somente nos primeiros 8 meses de 2023, 165 pessoas foram internadas, por dia, no país com trombose. Além disso, o acidente vascular cerebral é a segunda maior causa de morte no mundo, conforme a OMS (Organização Mundial de Saúde) — perdendo apenas para cardiopatias isquêmicas.
“A trombose, em alguns casos, pode não apresentar sintomas, mas os mais comuns são: inchaço, aumento da temperatura nas pernas, coloração vermelho escura ou arroxeada e endurecimento da pele”, explica o neurocirurgião Orlando Maia. Os principais fatores causadores da condição, são: imobilidade, internações prolongadas, viagens longas, reposição hormonal, anticoncepcionais, varizes, cirurgias e tabagismo.
Com os picos de calor, brasileiros estão experimentando sensação térmica de 60 °C, o que o organismo não está acostumado a enfrentar. Crianças e idosos devem receber mais atenção, mas jovens e adultos precisam se cuidar, alerta o médico: “Pessoas jovens costumam ser mais resistentes, então não apresentam os primeiros sintomas de forma intensa. Isso dá mais chances ao mau súbito. Por isso, é necessário se manter hidratado, não esperar sentir sede para beber água, se alimentar corretamente e se proteger do sol”.
A alta temperatura foi uma das causas da morte de uma jovem durante um dos shows da cantora Taylor Swift, no Rio de Janeiro. Ana Benevides, de 23 anos, sofreu uma hemorragia pulmonar, ao que tudo indica, devido o calor, desidratação e insolação. “Assim como atingem o cérebro ou membros inferiores, o evento vascular hemorrágico, quando uma ou mais artérias se rompem, ou isquêmico onde ocorre a obstrução, pode acontecer em qualquer região. Então, a desidratação e alta temperatura oferecem maior perigo, ainda mais para quem já sofre com problemas de coagulação”, acrescenta Orlando Maia.
O médico acrescenta que a desidratação é um fator que aumenta muito as chances de desencadear o problema “O calor aumenta os riscos de AVC, devido à desidratação. Pois, quanto menos água se tem no organismo, mais devagar o sangue vai passar pelos vasos sanguíneos e isso aumenta as chances do sangue coagular. A coagulação aumenta os riscos de derrame, infarto e entre outros problemas”.
A trombose é a formação de um coágulo sanguíneo (trombo) que causa inflamação no vaso, geralmente, acontece nos membros inferiores. Uma das complicações é a embolia pulmonar, quando o trombo se desloca para o pulmão, o que pode causar morte súbita. Os riscos de acidente vascular cerebral (AVC) também aumentam no período de calor, e a trombose venosa cerebral é um tipo de AVC, que ocorre quando um coágulo sanguíneo entope uma ou várias veias, sendo os vasos responsáveis pela drenagem de sangue do cérebro.
“O calor causa dilatação dos vasos sanguíneos, o que causa um aumento na circulação. Como o sangue fica mais acumulado nas extremidades, a drenagem das veias é mais lenta e isso acaba ocasionando o inchaço. A trombose venosa cerebral é a obstrução do fluxo sanguíneo através de um coágulo nas veias da cabeça. Esse aumento de pressão leva ao inchaço de parte do cérebro, e o principal sintoma é a dor de cabeça”, acrescenta Orlando Maia.
Com a chegada de dias mais quentes e a aproximação do verão, especialistas alertam a importância de se redobrar os cuidados para prevenir o AVC, especialmente em idosos, uma vez que eles têm mais dificuldade em regular o calor e perceber sede ou desidratação.