A busca por soluções financeiras mais eficientes tem impulsionado uma mudança significativa na forma como condomínios residenciais e comerciais financiam obras, modernizações e projetos estruturais no Brasil. Diante da dificuldade de acesso ao crédito nos bancos tradicionais, cresce no setor imobiliário o uso de modelos alternativos de financiamento, que permitem a contratação de empréstimos sem comprometer o caixa do condomínio nem exigir garantias pessoais do síndico.

Segundo Andderson Lopes, à frente da Restart Assessoria, especializada em crédito condominial, um dos principais entraves enfrentados pelos gestores ainda está no modelo convencional de financiamento. “Hoje, o mercado tradicional costuma exigir que o síndico seja avalista ou apresente garantias reais. Isso torna muitas operações inviáveis e acaba levando o condomínio a adiar obras importantes ou buscar soluções paliativas”, explica.
Esse cenário tem aberto espaço para fintechs e consultorias especializadas, que compreendem a dinâmica condominial e oferecem processos mais ágeis e menos burocráticos. “Os condomínios estão migrando para soluções que falam a linguagem do síndico, reduzem exigências e, principalmente, não pedem aval pessoal. Isso muda completamente o jogo”, afirma Andderson Lopes.
Apesar do avanço, o tema crédito ainda encontra resistência entre moradores. O receio de juros e o desconhecimento sobre as alternativas disponíveis costumam gerar impasses em assembleia. Para contornar esse obstáculo, a Restart Assessoria adota um modelo considerado mais democrático. “Os condôminos que não desejam participar do financiamento podem quitar sua parte diretamente com o condomínio, sem juros. Assim, apenas quem opta pelo crédito entra no rateio, evitando conflitos e garantindo mais equilíbrio”, detalha.
Na prática, a lógica do financiamento também se inverte. Em vez de criar fundos de reserva por anos, enquanto a inflação encarece as obras e emergências consomem recursos, o condomínio realiza o projeto imediatamente e paga de forma parcelada no longo prazo. “Primeiro a obra acontece, depois vem o pagamento. Isso acelera melhorias, evita aumento de custos e entrega benefícios reais à coletividade em menos tempo”, diz Lopes.
O modelo permite financiar uma ampla gama de demandas, como obras estruturais, reformas, projetos de energia solar, modernização tecnológica, portaria remota, rescisões trabalhistas, refinanciamento de dívidas e individualização de água e gás. Cada operação é estruturada de forma personalizada, conforme a realidade financeira do condomínio.
As condições de juros, segundo o especialista, estão diretamente ligadas à saúde financeira do empreendimento. Baixa inadimplência, bom histórico em órgãos de crédito, arrecadação compatível e saldo mensal positivo são fatores determinantes. “Quanto mais organizada é a gestão, mais competitivas se tornam as taxas oferecidas”, ressalta.
Nesse contexto, a assessoria especializada passa a ter papel central. O crédito condominial envolve análises jurídicas, financeiras e documentais específicas, diferentes de um financiamento tradicional. “Uma assessoria bem estruturada evita retrabalho, reduz riscos de reprovação e ajuda o síndico a apresentar o projeto com clareza e transparência em assembleia, aumentando a adesão dos moradores”, afirma Lopes.
A Restart atua acompanhando todo o processo, da análise gratuita à liberação do crédito, passando pelo apoio na documentação, orientação para editais, participação em assembleias e uso de assinaturas digitais. “O objetivo é simplificar ao máximo e garantir segurança em todas as etapas”, explica.
Com mais de 8 mil clientes atendidos e cerca de R$ 500 milhões viabilizados em crédito, a empresa se apoia na trajetória de seu fundador, que soma 27 anos no mercado financeiro, com certificações homologadas pela Febraban e passagem por instituições como Itaú, Banco do Brasil, Santander e C6 Bank.
Entre os casos emblemáticos está um condomínio no Rio de Janeiro que transformou uma dívida em investimento de longo prazo ao instalar uma usina fotovoltaica. Com um financiamento de cerca de R$ 1 milhão, o gasto mensal de energia caiu de R$ 35 mil para R$ 2,5 mil. “Mesmo com a parcela do financiamento, o condomínio já teve economia imediata no fluxo de caixa e, ao final do contrato, terá pelo menos 20 anos de energia praticamente gratuita”, destaca Lopes. A economia estimada ao longo do período supera R$ 7,8 milhões.
Para os próximos anos, a tendência é de consolidação do crédito como ferramenta estratégica na gestão condominial. “O Brasil vive a era da profissionalização dos condomínios. O crédito deixa de ser emergencial e passa a ser instrumento de planejamento, valorização patrimonial e retorno financeiro”, avalia.
Entre as principais apostas para 2025 e 2026 estão projetos de eficiência energética, automação, portaria remota, retrofit de prédios antigos, refinanciamento de passivos e digitalização total de assembleias e contratos. “Condomínios vão investir mais em tecnologia, segurança e sustentabilidade — e o crédito é o motor que viabiliza tudo isso”, conclui.
Que tipos de obras podem ser financiadas
O modelo de crédito estruturado permite atender praticamente todas as demandas de um condomínio, desde necessidades emergenciais até projetos de modernização e eficiência. Entre os principais investimentos financiáveis estão:
- Obras estruturais e reformas gerais, como fachadas, telhados e áreas comuns
- Projetos de energia solar e eficiência energética, com foco em redução de custos no médio, longo prazo e até ganho financeiro para o condomínio.
- Modernização tecnológica, incluindo portaria remota, automação e sistemas de segurança
- Rescisões trabalhistas, evitando impactos imediatos no caixa
- Refinanciamento de dívidas, para reorganizar passivos e melhorar o fluxo financeiro
- Individualização de água e gás, com ganhos operacionais e redução de desperdícios
Cada operação é analisada de forma personalizada, de acordo com a realidade financeira e as prioridades de cada condomínio.
Como funciona o crédito sem usar o caixa do condomínio
Diferentemente do modelo tradicional, em que o condomínio acumula recursos ao longo dos anos, o crédito estruturado permite que a obra seja realizada imediatamente, com pagamento parcelado no longo prazo.
O processo ocorre em etapas:
- Análise financeira gratuita do condomínio, considerando inadimplência, arrecadação e histórico de crédito
- Estruturação da proposta, com definição de prazos e condições compatíveis com o orçamento mensal
- Apresentação em assembleia, com apoio técnico para garantir clareza e transparência aos moradores
- Contratação do crédito, sem exigência de aval pessoal do síndico ou garantias complexas
- Execução da obra e início do pagamento parcelado após a liberação dos recursos
Moradores que não desejam aderir ao financiamento podem quitar sua parte diretamente com o condomínio, sem juros, tornando o modelo mais democrático e equilibrado.












