No Dia do Empreendedorismo Feminino, celebrado em 19 de novembro, a trajetória de mulheres à frente de seus próprios negócios reforça o dado levantado pelo Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2023, em parceria com o Sebrae, que aponta que existem aproximadamente 10,1 milhões de mulheres empreendedoras no Brasil. Isso significa que 3 em cada 10 donos de negócio no país são mulheres.
Por trás de cada empresa, há uma história de quem precisou equilibrar múltiplas jornadas, enfrentar desafios de crédito e quebrar barreiras para transformar uma ideia em um empreendimento de sucesso. Conheça os perfis de empreendedoras que estão moldando o futuro do marketing, dos negócios e da tecnologia no País.
Nina Leonel, CEO da Sculpt
Nina Leonel, 31 anos, comanda a Sculpt, consultoria de negócios e marketing estratégico, com uma proposta que desafia o mercado tradicional de agências. Formada em Publicidade pela ESPM e com MBA em Mercados de Inovação, a empresária acumulou experiência no Grupo RBS, no Ministério do Desenvolvimento Social e em agências americanas antes de empreender.
“A Sculpt nasceu da minha inquietação com o modelo tradicional de agências. Vi que faltava conexão entre marketing, comercial e branding”, explica Nina. A consultoria se diferencia ao entregar estratégias orientadas por resultados concretos, não apenas visibilidade. “Ainda se confunde presença digital com posicionamento real. Campanha com construção de marca. Nós estamos aqui para preencher essa lacuna entre o que é bonito e o que dá resultado”, afirma.
Juliana Saboia e Mariana da Rosa, cofundadoras da Palco Inteligência de Negócios
A mesma visão estratégica orienta a Palco Inteligência de Mercado, fundada em 2018 por Juliana Saboia e Mariana da Rosa. Com formação acadêmica robusta, Mariana é doutora em Administração e Juliana é mestre pela PUC-RS, as sócias trouxeram metodologia científica para um mercado que ainda depende de análises superficiais.
“Muitas empresas ainda se apoiam em dados quantitativos, negligenciando a profundidade dos dados qualitativos, que são a especialidade da Palco”, explica Mariana. A empresa oferece desde aceleração e pesquisa de mercado até formação de lideranças, sempre com foco em transformar informação em decisão estratégica. “O rigor metodológico e a proximidade com nossos clientes são os diferenciais que fazem a Palco se destacar no mercado”, complementa Juliana.
Aline Busch e Marceli Brandenburg, cofundadoras do Ladies in Tech
Enquanto Sculpt e Palco consolidam suas atuações no mercado corporativo, o Instituto Ladies in Tech garante que mais mulheres tenham acesso a esse ecossistema. Fundado em 2020 por Aline Busch, Marceli Brandenburg e outras duas empreendedoras, o instituto surgiu de uma dor comum, a solidão de ser a única mulher em eventos de tecnologia.
“Percebi que todas nós passávamos por situações semelhantes, desde ser a única mulher na sala até ouvir comentários misóginos. Era preciso reagir, e reagimos com união”, conta Marceli, advogada que deixou o sonho de ser delegada da Polícia Federal para empreender na área de tecnologia com as startups SmartJudice e EZDocs.
O crescimento foi orgânico. Hoje, o Ladies está presente em mais de vinte estados, conta com mais de 300 integrantes ativas e já impactou mais de cinco mil mulheres. Em 2023, recebeu premiação no Inovação RS, dividindo o pódio com instituições consolidadas como South Summit, Tecnopuc e Instituto Caldeira.
Gestão horizontal como estratégia
A forma como essas mulheres entendem liderança define o diferencial de suas iniciativas. No Ladies, a gestão é deliberadamente coletiva, sem hierarquias que centralizam poder. “A gente sempre fez questão de que o Ladies não tivesse uma única representante. Cada integrante carrega esse nome porque se sente parte dele”, afirma Marceli.
Aline Busch, que além de cofundar o Ladies também lidera a Colocker, startup de logística com smart lockers, reforça essa visão. “Criamos esse espaço porque queremos mais mulheres nos palcos, nos painéis, nos holofotes. Muitas vezes o que falta não é capacidade, é oportunidade para se desenvolver como referência”, completa. Nos workshops mensais do instituto, mulheres testam palestras, validam conteúdos, trocam experiências e fecham negócios.
Os planos de expansão são ambiciosos. A Palco pretende ampliar atuação para além do Rio Grande do Sul. Nina segue expandindo o alcance da Sculpt. E o Ladies sonha com um ecossistema onde, nas palavras de Marceli, “mulheres crescem, são investidas por outras mulheres e investem em outras startups lideradas por mulheres, tornando a presença feminina na tecnologia tão comum que a equidade não precise ser mais pauta mas uma realidade.”














