As campanhas de conscientização em saúde já se tornaram parte do calendário nacional, mas um estudo recente da Tunad, empresa especializada em engajamento de marcas e inteligência de mídia, mostra que o impacto dessas iniciativas vai muito além da exposição.
Os dados revelam que os meses dedicados a causas específicas impulsionam fortemente o comportamento de busca da população na internet, comprovando que comunicação consistente é capaz de gerar atenção, mobilização e mudanças de percepção.
A pesquisa avaliou o desempenho das três principais campanhas de saúde no Brasil: Setembro Amarelo (prevenção ao suicídio), Outubro Rosa (câncer de mama) e Novembro Azul (câncer de próstata); entre janeiro de 2022 e agosto de 2025. A campanha do Setembro Amarelo lidera em volume total de buscas, ultrapassando as outras duas campanhas desde 2022. Isso reflete a sensibilidade crescente da sociedade para questões ligadas à saúde mental.
Além disso, os resultados evidenciam padrões de sazonalidade claros, onde Setembro Amarelo registra os maiores picos de interesse, com aumento de buscas já em agosto e ápice em setembro, consolidando o tema saúde mental como prioridade no debate público. Outubro Rosa mostra crescimento gradual, atingindo seu pico em outubro, comprovando o engajamento constante ao longo dos anos e reforçando a popularidade da campanha. Novembro Azul apresenta picos menores de buscas, porém consistentes em novembro, o que indica uma base de atenção regular, embora menos intensa.
Nesse sentido, a análise mostra que o interesse da população não apenas se concentra nos meses oficiais, como também se antecipa às campanhas. No caso do Setembro Amarelo, o aumento nas pesquisas já é percebido em agosto, indicando uma mobilização prévia em torno do tema. Já o Outubro Rosa mantém uma curva estável, com variação positiva a cada ano, consolidando-se como referência em conscientização. O Novembro Azul, por sua vez, oscilou de apenas 2 inserções em 2022, para 434 em 2023, mas recuou para 82 em 2024, sinal de que o desafio da consistência ainda está em pauta.
A voz das empresas e a cobrança por autenticidade foi outro aspecto revelado pelo estudo. As marcas têm desempenhado papel central no alcance dessas campanhas, seja por meio de anúncios na televisão, no rádio ou em plataformas digitais. Só o investimento em Setembro Amarelo, desde 2022, já supera o destinado ao Outubro Rosa e ao Novembro Azul. O engajamento nas redes sociais também cresceu com ações criativas. A agência Binder, em parceria com a Unimed Ferj, lançou o SOS Songs, que utiliza inteligência artificial para mapear o perfil emocional das músicas mais ouvidas no Spotify. Se o sistema identifica um padrão mais melancólico, sugere playlists mais leves e recomenda buscar apoio do CVV (Centro de Valorização da Vida).
Segundo David V. Bydlowski, CEO da agência Rosh, as campanhas de conscientização podem alcançar altos índices de engajamento, mas isso só se sustenta quando há consistência e autenticidade. Para ele, “não basta colorir o logotipo de rosa, amarelo ou azul: os consumidores exigem ações práticas, como financiar exames, oferecer suporte psicológico a funcionários ou desenvolver programas de prevenção contínuos. Bydlowski alerta ainda para o risco do chamado “cause washing”, quando a marca se apropria de uma causa sem compromisso real, prática que pode gerar graves danos à reputação caso seja percebida como superficial ou oportunista.
A pesquisa da Tunad confirma que o engajamento com campanhas sociais no Brasil segue um ritmo cíclico e previsível, com picos que coincidem com os meses oficiais de cada causa. O dado mais relevante é a força do Setembro Amarelo, que não apenas gera mais anúncios, mas também desperta o maior interesse no ambiente digital, revelando um novo patamar de atenção ao tema da saúde mental.
“Nos últimos anos, o Setembro Amarelo superou o Outubro Rosa e o Novembro Azul em interesse nas buscas do Google. Essa virada resulta da soma entre campanhas de conscientização de entidades e o investimento crescente das marcas em marketing”, finaliza Cesar Sponchiado, CEO da Tunad.
Link para a pesquisa:
https://dashboard.tunad.io/
Como foi realizado o estudo?
A Tunad possui uma equipe de auditoria e um sistema de captura de sinal dos canais da TV aberta e PayTV. O sistema desenvolvido pela Tunad consegue identificar o momento de início dos comerciais e faz a classificação automática via audio-matching com uma equipe de audtoria fazendo a conferência final para a validação dos resultados. Hoje, auditamos para as pesquisas os canais de TV Aberta de São Paulo, Araçatuba, Bauru, Campinas, Curitiba, Itapetininga, Jaú, São José do Rio Preto. E os canais de PayTV: AXN, Cartoon Network, CNN Brasil, Discovery Channel, Discovery H&H, Discovery Kids, ESPN2, ESPN4, ESPN Brasil, Fox/Star, FX, Globo News, GNT, Megapix, Multishow, National Geographic, Sony, SporTV, TNT, Universal, Viva, Warner Channel.
Com os dados capturados pela auditoria, o sistema de audio-matching permite monitorar a veiculação desses criativos em outras praças, caso sejam exibidos, abrangendo mais de 150 canais em todo o Brasil. Para o cálculo do valor investido, a Tunad utiliza dados da tabela JOVE e da The Media Trade para determinar o valor médio praticado por marcas em programas de TV, permitindo chegar a uma estimativa do investimento publicitário que a marca realizou na TV.














