De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de pele é o tipo mais frequente no Brasil, representando cerca de 30% de todos os tumores malignos diagnosticados no país. Embora apresente altos índices de cura quando detectado precocemente, muitos casos ainda chegam aos consultórios em estágios avançados.
O dermatologista Dr. Stanley Bessa, membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), explica que o diagnóstico precoce depende da observação de pequenas alterações que, em geral, passam despercebidas. “A maioria dos casos de câncer de pele surge a partir de lesões aparentemente inofensivas. A atenção aos detalhes faz toda a diferença no prognóstico”, afirma o médico.
Tipos mais comuns e fatores de risco
O câncer de pele é dividido em dois grandes grupos: o melanoma e os não melanomas. O primeiro, embora menos frequente, é o mais agressivo e tem maior potencial de causar metástases. Já os tipos não melanoma, como o carcinoma basocelular e o carcinoma espinocelular, são os mais diagnosticados e geralmente têm bom prognóstico quando tratados a tempo.
Segundo a SBD, a exposição excessiva e sem proteção ao sol é o principal fator de risco, especialmente entre pessoas de pele clara, olhos claros e com histórico de queimaduras solares na infância. Outras causas envolvem predisposição genética, uso de câmaras de bronzeamento artificial e contato prolongado com substâncias químicas, como o arsênico.
O dermatologista destaca ainda que profissões com maior exposição solar, como agricultores, pescadores e trabalhadores da construção civil, apresentam maior incidência da doença. “Mesmo quem trabalha em ambientes internos deve manter o cuidado diário com o uso de filtro solar, pois a radiação ultravioleta atravessa vidros e afeta a pele ao longo dos anos”, explica.
Sinais que merecem atenção
Entre os primeiros indícios que podem indicar um câncer de pele estão feridas que não cicatrizam, pintas que mudam de cor ou formato, sangramentos e manchas com bordas irregulares.
O médico orienta que a observação siga a regra do ABCDE, recomendada internacionalmente para identificar melanomas:
A – Assimetria: metade da pinta é diferente da outra.
B – Bordas: irregulares, com contornos mal definidos.
C – Cor: variação de tonalidades, como marrom, preto, avermelhado ou azulado.
D – Diâmetro: lesões maiores que 6 milímetros merecem atenção.
E – Evolução: qualquer mudança de tamanho, forma ou coloração.
“Essas alterações devem ser avaliadas o quanto antes por um dermatologista. O exame clínico e, quando necessário, a biópsia, confirmam o diagnóstico e definem o tratamento mais adequado”, ressalta.
Diagnóstico e tratamentos disponíveis
O diagnóstico do câncer de pele é feito por avaliação clínica e dermatoscopia, técnica que amplia as estruturas da pele e ajuda a diferenciar lesões benignas de malignas. Em casos suspeitos, o exame histopatológico confirma a presença de células cancerígenas.
Os tratamentos variam conforme o tipo e estágio da doença, podendo incluir cirurgia, crioterapia, radioterapia, imunoterapia e medicamentos tópicos.
Nos casos iniciais, o procedimento cirúrgico costuma ser curativo. “O avanço das técnicas cirúrgicas permite retirar a lesão com margem de segurança e preservar o máximo de tecido saudável, garantindo melhor resultado estético e funcional”, explica o dermatologista.
Em melanomas avançados, a abordagem é multidisciplinar, envolvendo oncologistas e cirurgiões especializados. Novas terapias, como imunoterapia e terapia-alvo, têm mostrado resultados expressivos no aumento da sobrevida dos pacientes.
A importância da prevenção e do acompanhamento regular
Estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que até 90% dos casos de câncer de pele poderiam ser prevenidos com hábitos adequados de proteção solar. Entre as medidas mais eficazes estão o uso diário de protetor solar com fator de proteção acima de 30, evitar a exposição solar entre 10h e 16h, e o uso de roupas, chapéus e óculos com filtro UV.
Dr. Stanley Bessa reforça que a avaliação dermatológica anual é essencial, mesmo na ausência de sintomas. “O exame clínico é rápido, indolor e pode detectar alterações ainda imperceptíveis ao paciente. Em famílias com histórico de melanoma, essa vigilância deve ser ainda mais rigorosa”, orienta.
A conscientização também é parte importante da estratégia de combate à doença. Campanhas como o Dezembro Laranja, promovida pela SBD, têm ampliado o acesso à informação e incentivado o diagnóstico precoce em todo o país.
Cuidados diários que fazem diferença
Além do uso regular de filtro solar, o dermatologista recomenda incluir pequenas mudanças na rotina para reduzir os riscos:
- Aplicar protetor solar 30 minutos antes da exposição solar e reaplicar a cada duas horas;
- Utilizar bonés ou chapéus de aba larga em atividades ao ar livre;
- Evitar o uso de câmaras de bronzeamento artificial;
- Manter atenção redobrada em pintas, manchas e feridas persistentes;
- Procurar um dermatologista diante de qualquer alteração suspeita.
“Quando o paciente entende que a prevenção é parte do cuidado diário, os resultados a longo prazo são muito mais consistentes. O câncer de pele pode ser evitado na maioria dos casos, e isso depende principalmente da informação e da vigilância”, conclui.
Dr. Stanley Bessa
Dr. Stanley Bessa é médico dermatologista com mais de 25 anos de atuação. Natural de São José do Jacuri (MG), formou-se pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e é membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), detentor do Título de Especialista em Dermatologia (TED) pela Associação Médica Brasileira (AMB).
Possui pós-graduações nas áreas de Alergia e Imunologia, Medicina Estética, Dermatologia Cirúrgica e Dermatologia Estética. É sócio da Neofolic, empresa especializada em transplante capilar, e parceiro do Instituto Brasileiro de Medicina Capilar (IBRAMEC), onde ministra cursos voltados a médicos.
Atua com ênfase em cirurgia dermatológica e transplante capilar, e recentemente expandiu seus atendimentos para Brasília, ampliando sua atuação profissional.
















