A taxa básica de juros (Selic) no Brasil tem se mantido em patamares elevados, o que repercute diretamente no acesso ao crédito imobiliário. Com a Selic acima de 14%, os bancos estão mais cautelosos na concessão de financiamentos, especialmente para operações de maior risco. Isso limita o apetite para grandes investimentos e pressiona os retornos esperados pelos investidores.
Dados da Abecip indicam que, embora o crédito imobiliário com recursos de poupança tenha crescido para R$ 186,7 bilhões em 2024, a expectativa para 2025 é de queda de 15% a 20% no volume contratado.
Investidores imobiliários repensam suas estratégias
Para o empresário Elon Gomes de Almeida, veterano do mercado imobiliário de Brasília, o momento exige uma readequação de portfólio. Ele observa que muitos investidores estão migrando parte de seus recursos para ativos mais resilientes ou menos dependentes de crédito bancário pesado.
“Com juros tão altos, é natural que investidores revisem o risco dos projetos e priorizem imóveis com liquidez, localização privilegiada e potencial de geração de caixa mais rápido”, afirma Elon. Para ele, a estratégia passa pelo equilíbrio entre segurança e retorno, evitando alavancagem excessiva.
Novos modelos de financiamento e fontes alternativas
Além do crédito tradicional, Elon destaca que investidores têm buscado fontes alternativas para financiar seus projetos. Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e aportes em fundos imobiliários se tornaram mais atraentes para quem quer viabilizar empreendimentos sem depender exclusivamente de empréstimos bancários pesados.
Esse movimento acompanha uma tendência mais ampla no mercado: segundo analistas, a restrição de crédito bancário está forçando empresários a explorar outras vias para captar capital.
Impacto nos negócios residenciais e comerciais
O efeito do crédito restrito e dos juros altos se reflete de maneira diferente nos segmentos imobiliários:
- Residencial: para empreendimentos voltados à moradia, a cautela é maior. Partes dos compradores estão adiando a compra ou revisando o tamanho das entradas, já que as parcelas ficam mais pesadas. Segundo Elon, “quem planejava um financiamento está recalibrando seus planos ou mesmo renegociando prazos para tornar os pagamentos mais sustentáveis.”
- Comercial: há retração na compra e venda de imóveis comerciais de alto padrão. De acordo com relatório recente, no primeiro semestre de 2025, o volume transacionado caiu cerca de 20% em comparação com o mesmo período de 2024.
Apesar disso, alguns investidores mais conservadores continuam investindo em ativos bem localizados, com bom potencial de liquidez.
Expectativas ajustadas e visão para o futuro

Elon Gomes de Almeida avalia que o atual momento não é de paralisia, mas de recalibragem estratégica. Ele estima que alguns investidores podem aguardar uma queda na taxa básica para retomar operações mais agressivas, mas também acredita que há espaço para iniciativas bem estruturadas mesmo com os juros altos.
“Não estou dizendo que todo mundo vai frear. Há quem vai aproveitar para comprar imóveis visando longo prazo, especialmente para locação. E há também oportunidades para os que têm acesso a capital alternativo e querem diversificar para CRIs ou fundos”, afirma.
Ele também sugere que desenvolvedores revisem seus planos de negócios, adotando um horizonte de risco mais realista: “Projetos muito ambiciosos dependentes de crédito barato precisam ser repensados. Mas a criação de valor via locação, revitalização de ativos antigos ou construção sob demanda pode ser uma alternativa”.
Riscos e pontos de atenção
Entre os desafios apontados por Elon estão:
- A possibilidade de queda no volume de novos lançamentos caso o crédito se restrinja ainda mais.
- O risco de inadimplência ou refinanciamento é difícil para projetos altamente alavancados.
- A dependência excessiva de fontes alternativas de financiamento, que podem ter custos maiores ou condições de resgate mais rígidas no futuro.
Ele lembra que, para mitigar esses riscos, é essencial uma boa governança financeira nos empreendimentos, com planejamento de fluxo de caixa conservador, estrutura de capital diversificada e parcerias estratégicas.
Sobre Elon Gomes de Almeida
Elon Gomes de Almeida atua no mercado imobiliário de Brasília desde 2003 liderando projetos residenciais e comerciais com foco em inovação, sustentabilidade e visão de mercado.
Fundador do Grupo Aliança, hoje Grupo Victória, o empresário está à frente de empreendimentos como o Calgary Residential Club e o Residencial Vancouver by Victória, marcos do modelo Build-to-Rent no Distrito Federal.
Elon também estruturou holdings patrimoniais e familiares, atualmente geridos por suas filhas, enquanto mantém o cargo de Diretor-Presidente das operações ativas. Após encerrar sua participação no setor de saúde, dedica-se integralmente aos negócios imobiliários do Grupo Victória e à gestão do patrimônio familiar.













