A preocupação com a sustentabilidade não é exclusividade das grandes corporações. De acordo com uma pesquisa do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), quase 70% dos pequenos negócios no Brasil afirmam adotar alguma prática ESG (ambiental, social e de governança).
Entre os princípios, a governança lidera com 87,2% de adesão, seguida pelas práticas ambientais (75%) e sociais (56,4%). Especialistas apontam que a mudança de cultura acontece mais rapidamente em negócios de menor porte.
Para a analista de Bioeconomia Regenerativa ESG do Sebrae RS, Kelly Valadares, em empresas pequenas, é mais fácil garantir transparência, boas condições de trabalho e controle de fornecedores. Mesmo que os empreendedores nem sempre conheçam o termo ESG, muitas das práticas já fazem parte da rotina, como explica em entrevista à imprensa.
Entre os exemplos de boas práticas estão a implementação de gerenciamento eletrônico de documentos, o uso de energia solar, a logística reversa de resíduos, a coleta seletiva e o reaproveitamento de insumos. As ações ajudam a otimizar rotinas, reduzir desperdícios e demonstrar responsabilidade ambiental e transparência nos processos.
Kelly ainda reforça que ações ESG podem ser decisivas para diferenciar o negócio no mercado e facilitar o acesso a investimentos. “Quando a gente fala no pequeno negócio, que vai lá na cooperativa de crédito pegar financiamento para uma máquina, quando ele já traz um relatório de sustentabilidade, ele já começa a acessar o mercado de uma forma diferente.”
Primeiros passos para as MPEs
A implementação de ações ESG nas empresas exige mais do que boas intenções. Para que a sustentabilidade deixe de ser um conceito e se torne prática efetiva no dia a dia das organizações, é preciso promover mudanças estruturais na cultura empresarial.
Segundo o Sebrae, o envolvimento da liderança e o engajamento dos colaboradores são fundamentais para que a transformação ocorra de forma sólida e duradoura. Nesse processo, a capacitação ganha destaque como ferramenta estratégica.
Iniciativas como o treinamento em compliance, que abordam temas como ética, transparência e prevenção de riscos, são importantes para fortalecer a governança e garantir uma gestão responsável. A compreensão dos conceitos ESG precisa ser acompanhada por ações integradas aos processos internos e alinhadas à realidade financeira e humana de cada empresa.
O Sebrae reforça, ainda, que todas as estratégias devem ser planejadas com responsabilidade e controle, e que a adoção de práticas sustentáveis deve considerar os impactos positivos e negativos do negócio, com base nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.
Novo cenário para pequenos negócios
A tendência é que a adesão ao ESG entre as MPEs continue crescendo. Segundo o consultor da VerdeSaber, Daniel Eggers, práticas simples, como reaproveitamento de resíduos, economia de água e energia, e boas condições de trabalho, já são suficientes para gerar impactos positivos.
Ele destaca, em entrevista à imprensa, que o consumidor valoriza empresas engajadas. Eggers explica que quando a microempresa assume compromissos e divulga resultados, ela conquista credibilidade e pode abrir portas para parcerias com grandes empresas que exigem fornecedores sustentáveis.
O Sebrae e a ABNT firmaram um protocolo para viabilizar o selo ESG para 10 mil micro e pequenas empresas até 2025. A expectativa é reconhecer publicamente os negócios que adotam práticas alinhadas aos pilares ambiental, social e de governança.
A proposta é transformar essas empresas em referência nacional em boas práticas para que sirvam como exemplos concretos de sustentabilidade corporativa durante a COP 30, conferência global sobre mudanças climáticas que será realizada em Belém, no Pará, em novembro deste ano.












