Na noite desta segunda-feira (17/11), no Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, aconteceu a 10ª edição do Ranking 100 Open Startups, um dos maiores e mais conceituados eventos de inovação da América Latina. A cerimônia prestigiou algumas das principais startups responsáveis por impulsionar a transformação em diversos segmentos do Brasil.
Criado em 2016, o levantamento mede a intensidade das parcerias de inovação aberta entre startups e empresas estabelecidas, contabilizando contratos, investimentos e projetos finalizados por meio da plataforma. Na área de sustentabilidade, o destaque ficou com a T&D Sustentável, startup de Macaé, referência em economia de água no Brasil, que conquistou o tetracampeonato na categoria Water and Sanitation, um feito raro no ranking.
“O reconhecimento confirma que a gestão inteligente de água deixou de ser apenas um discurso e se tornou um vetor de crescimento e competitividade para grandes empresas”, pontua Felipe Mendes, cofundador da empresa.
Desde 2018, a empresa se destaca na gestão de recursos hídricos, tendo evitado o desperdício de mais de 1,3 bilhões de litros de água, gerando uma economia de mais de R$ 53 milhões de reais para seus parceiros. Seus principais clientes são hospitais, redes de supermercados, escolas, hotéis e condomínios localizados no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Ceará, Brasília, Rio Grande do Norte e São Paulo e interior paulista. Em média, a redução na conta de água é de 30%, podendo chegar a 70%. Para 2026, a meta é duplicar esse valor.
Uma startup com DNA do semiárido
Camillo Torquato, fundador da T&D Sustentável, nasceu em Mossoró (RN) e foi criado também no interior do Ceará. A infância foi dividida entre bairros pobres e pequenos lugarejos do semiárido nordestino, onde buscar água em cacimbas era parte da rotina. “Quem vive com escassez aprende a valorizar cada recurso”, resume. Sua mãe, Edilene, trabalhou como doméstica para sustentá-lo e insistiu nos estudos. Graças a programas públicos, ele fez escola técnica e depois cursou Engenharia de Energia na UFERSA.
A base técnica da T&D vem da bagagem que acumulou na indústria do petróleo: sensores, dados, pressão, controle remoto. Mas o foco da empresa era outro: democratizar o acesso à eficiência hídrica. O modelo que criou, sem custo inicial, com remuneração só por performance, foi pensado justamente para eliminar as objeções típicas de quem não tem verba para investir. “É difícil convencer um hospital a testar algo novo. Por isso, a gente assume o risco.”
A operação da T&D vai além da instalação de sensores. O processo envolve mapeamento técnico, capacitação de equipes, análise tarifária, relatórios operacionais e controle contínuo via nuvem. Tudo costurado por um processo com mais de 300 etapas padronizadas, baseado no que Torquato aprendeu no setor de óleo e gás.
O sistema combina sensores próprios, inteligência artificial e dispositivos de controle de consumo — tudo monitorado remotamente. A equipe da T&D se integra à operação do cliente, detecta vazamentos invisíveis, corrige falhas e acompanha os dados em tempo real. Se houver economia, a T&D fica com parte dela. Se não houver, o prejuízo é da startup.












