Os data centers são responsáveis pelo processamento de dados que mantêm a internet em funcionamento em todo o mundo. Por isso, essas estruturas têm um papel central nas inovações tecnológicas em escala global.
Nesse contexto, o Brasil vem se destacando nos últimos anos como referência no setor, concentrando 40% dos investimentos em data centers na América Latina. Ao todo, o país conta com 181 unidades desse tipo espalhadas por seu território.
Esse protagonismo também insere o setor tecnológico brasileiro no centro de discussões sobre o elevado consumo de energia necessário para o funcionamento dos data centers, questão que gera incertezas quanto ao futuro da área.
Dados reforçam a liderança brasileira no setor
Além de liderar em receitas geradas com data centers na América Latina, o Brasil caminha para ampliar ainda mais sua relevância. Atualmente, cerca de 75% dos novos investimentos previstos na região para os próximos anos têm como destino o país.
São Paulo se destaca como principal polo desses investimentos. Afinal, no estado está localizado o maior data center do Brasil, em Vinhedo, com 40 mil m² e cinco estruturas integradas.
Em comparação com os líderes globais, o Brasil ainda está atrás. Os Estados Unidos, por exemplo, possuem mais de cinco mil data centers, sendo o país com maior número de unidades no mundo.
Ainda assim, a posição brasileira como referência continental tem peso na atração de investimentos e inovação, sobretudo em um cenário no qual o setor tecnológico é cada vez mais importante para a economia global.
Consumo energético é obstáculo
Apesar das perspectivas, o Brasil enfrenta desafios relacionados ao consumo de energia dos data centers, assim como outros países. Um estudo da Moody’s, agência especializada em análise de riscos de crédito, alerta para os obstáculos à expansão dessa infraestrutura.
Ao lado de Chile e Colômbia, o Brasil foi apontado como parte de uma região com barreiras para o crescimento do setor, mesmo com o protagonismo no uso de fontes renováveis.
O relatório menciona riscos relacionados à disponibilidade de água, apontando uma percepção de insegurança nesse aspecto. Questões econômicas, como a volatilidade cambial e as incertezas políticas, também dificultam o cenário.
Por outro lado, o estudo destaca pontos positivos, como os investimentos planejados para a América Latina e a diversidade da matriz energética brasileira, que inclui eletricidade com preços relativamente mais acessíveis.
Iniciativas buscam soluções sustentáveis
A atuação do Brasil no setor é destaque em uma campanha da Hostinger, empresa de hospedagem de sites, que trouxe à tona dados sobre o impacto ambiental dos data centers ao redor do mundo.
O objetivo da campanha é estimular o debate sobre o tema e apresentar alternativas sustentáveis que permitam a continuidade do avanço tecnológico sem comprometer o meio ambiente. A Hostinger, por exemplo, passou a utilizar 100% de energia renovável em suas estruturas desde o ano passado.
Essas informações foram divulgadas no relatório de sustentabilidade da empresa. Segundo Rafael Hertel, Country Manager da Hostinger no Brasil, a nova meta é reduzir as emissões de escopo 3, após já ter diminuído as de escopos 1 e 2, em alinhamento com o Acordo de Paris.
Em um país reconhecido pelo uso de fontes renováveis, a expectativa é de novos avanços nesse sentido. Apesar dos desafios econômicos, o cenário aponta para um desenvolvimento promissor do Brasil no setor de data centers com foco em sustentabilidade.